"Ninguém termina na ponta dos dedos. Somos o que outros foram. Só sabemos do visível, mas temos o mesmo tamanho no invisível. É de vidas alheias que nos alimentamos. E as próprias palavras com que digo isto são oferendas, todas elas. Fecha os olhos. Vem comigo."
"As casas são colagens. A praia é uma colagem. Tudo o que dizemos é uma colagem. E nós próprios, cada um, pais, filhos, avós, primos, somos uma colagem. Nunca estamos acabados. Nunca nada está acabado. Só há pouco começámos a dizer as primeiras coisas."
"Às vezes damo-nos conta de algo novo, que já estava lá. É esquisito, não é? Algo novo, que já estava lá. Quando te digo: olha ali o sol a pôr-se, o sol já lá estava. Já estava a pôr-se. Mas, porque o viste, é o primeiro sol. E nunca o sol se tinha posto. Ainda bem que o viste. Ainda bem que me dizes: olha ali."